"Liberdade" e "Respeito" de olhos em bico


No inicio desta semana, assistimos na China, na zona de Xinjiang, a violentos confrontos inter-étnicos em Urumqi. Em resposta aos confrontos assistimos a uma forte, pesada medida de controlo dos manifestantes, traduzindo-se esse acto em vários mortos (supostamente "só" 156 mortos) e vários presos que irão ser severamente punidos pelo acto de se manifestarem por Direitos a que lhe são inerentes. Abrir a boca para evitar o esmagamento e a constante provocação de outra etnia hostil leva a estes tristes acontecimentos. Uns pagaram e outros pagarão o preço por se referirem a "Igualdade" e "Liberdade" e isto viola claramente a o diploma referente aos Direitos do Homem, esse tal papel com força obrigatória "geral" a todos os países.

Estes actos de repressão não serão sancionados pelas entidades internacionais pois, a China é um país "respeitado", rico e... rico. Se compararmos aos factos ocorridos em Teerão que foram alvo de grande mediatização e de ameaças entre várias potencias, Xinjiang foi esquecida pelo mainstream, as pessoas de Xinjiang gritaram de forma muda face ao mundo. Para que servem as entidades mundiais se permitem isto? Para que servem diplomas como a Declaração dos Direito do Homem? Para questões de igualdade, liberdade e protecção não é certamente, pois o recurso ao seu conteúdo é raro, assim como a sua efectiva aplicabilidade. Obrigado meus "senhores" por fecharem os olhos a isto e muito mais. Cada vez mais a Declaração Universal do Direitos do Homem não passa mais que um mero papel com umas "folhazecas" imprimidas.

3 comentários:

Maria Paulo Rebelo, disse...

"Uns pagaram e outros pagaram"

É suposto estarem os dois no pretérito perfeito? Ou um no pretérito e outro no futuro?

"à restrito recurso" ?

Ou "ao" restrito recurso?

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Bem zé, quanto ao conteúdo deste texto, não sei que te diga. É verdade sim, que por vezes temos tendência para criticar a larga maioria das coisas com que nos cruzamos, por nunca terem o efeito que esperavamos que tivessem. Mas repara, com que suporte acabarias tu por reclamar esses direitos (que parece afinal que os chineses também têm) se não tivesses prévio conhecimento da existência dessa (e doutras) Declarações. O que eu quero dizer é que, apesar de tudo, apesar de ela (ainda) não servir a olhos de "comunistas capitalistas" (GOD como soa esquisito !! ), ela estará sempre cá para todos os outros que reivindiquem os seus artigos. A não ser assim, nem nada terias onde te segurar, por onde reclamar. Reclamas porque tens por onde o fazer! E estás a esquecer esse dado de partida.

Mas enfim... é, com efeito verdade, que o regime Chinês anda a arreliar mais chineses que imprensas; o que não é, obviamente, o mais desejável. Mas a par disso também temos a América a não respeitar Quioto, a Coreia do Norte a não respeitar a ONU, forças populares em países africanos a não respeitarem o seu povo, Portugal a não respeitar as suas ex-colónias etc. etc. etc.

Eu também queria um mundo perfeito Zé. E, apesar deste meu comentário soar a resignação, acredita que não há pingo nenhum dela nestas palavras. Serviram-me apenas para trocar pensamentos contigo a propósito deste tema. Fico, apesar de tudo, contente por te fazeres revoltar de forma audível! ;)

J disse...

Peço desculpa pelas gaffes horriveis! Isto de escrever e reescrever com os olhos semi-cerrados...Enfim! É verdade tudo isso Maria.

Em outras alturas, nada existia para a "defesa" desses Direitos, o Homem agia na sua maioria por livre-arbítrio, com o mínimo de controlo ou consciência sobre os resultados de seus actos, mas não podemos estar presos ao passado neste sentido: se no passado sempre se lutou por Direitos, por protecção, segurança, quer usando argumentos espirituais, quer argumentos humanamente lógicos e razoáveis, se se conseguíram vários papeis que formalizam e devem ter valor em toda e qualquer sociedade, então, devem ser minimamente aplicados.

Exemplo do que penso noutro campo: antigamente não existia vacina contra a gripe sazonal, chegaram a morrer milhares e milhares de pessoas, mas desde que a vacina foi criada, ao mesmo tempo que as espécies evoluem, muitas vidas foram salvas! Hoje em dia, os mais débeis chegam a morrer com uma simples gripe em conjunto com diversos factores, mas outros tantos que se podem encaixar no grupo de debilitados, salvam-se desta coisa que simples que pode matar. "Ah mas antigamente também havia e sobrevivia-se, quero lá saber" - graças à evolução dos sistemas imunitários quem pensa assim tem essa sorte, mas os vírus também evoluem, também ficam melhores e se de tal forma for outra vacina será necessária e a imunidade actual de alguns pode passar a debilidade. Se antes não havia e não havia vacina para se evitar, morriam pessoas. Agora que há, evitam-se mortes porque existe algo eficaz para tal!

Espero que tenhas percebido o porquê de não acreditar na perfeição, mas defender o recurso a ferramentas existentes para evitar o menos perfeito!

Maria Paulo Rebelo, disse...

Repara Zé, eu não te quero tirar a razão. Até porque sou apologista de que há sempre mais do que um "está correcto", de que a razão existe não só no fiel a prumo, mas também nos dois pratos da balança e noutros tantos caso houvesse; e por isso é que admito e creio sempre admitirei, poderem todas elas coexistir, ainda que diferentes. Mas avancemos:

A questão que eu quis evidenciar com o meu comentário foi apenas uma: o eu me ter apercebido que durante todo o teu texto renegaste ou puseste de parte o valor que a Declaração encerra per se. Não estou a dizer que ficarmos satisfeitos com a sua elaboração e não querermos mais está correcto; apenas dizer-te que a Declaração hoje não é letra morta porque um ou outro país ousa desrespeitá-la, e que foi isso que eu interpretei no teu texto, especialmente na parte “Para que servem diplomas como a Declaração dos Direito do Homem? Para questões de igualdade, liberdade e protecção não é certamente, pois o recurso ao seu conteúdo é raro, assim como a sua efectiva aplicabilidade”. Mas enfim, admito ter interpretado mal, e então aí peço-te desculpa.

Cumprimentos constitucionalista!